Comportamento da dispersão do intervalo QT em pacientes coronarianos e não coronarianos submetidos a teste ergométrico
Nome: ALEXANDRE MAULAZ BARCELOS
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 04/02/2013
Orientador:
Nome | Papel |
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JOSE GERALDO MILL | Orientador |
Banca:
Nome | Papel |
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DALTON VALENTIM VASSALLO | Examinador Interno |
JOSE GERALDO MILL | Orientador |
SERGIO LAMEGO RODRIGUES | Examinador Externo |
Resumo: O teste ergométrico é um dos mais comuns métodos usados para detecção de doença arterial coronária. Entretanto, sua acurácia para o diagnóstico de estenose coronária significativa, é bastante limitada, sendo a taxa de exames falso-positivos elevada. A dispersão do intervalo QT medida no eletrocardiograma de 12 derivações é um índice de heterogeneidade de repolarização ventricular, e sua relação com arritmias ventriculares malignas foi feita em vários artigos na literatura. Adicionalmente, outros autores tem relacionado isquemia miocárdica transitória - durante o estresse de uma prova de esforço físico em pacientes coronarianos - com o aumento da heterogeneidade da repolarização ventricular, sendo que esta pode ser quantificada pelo aumento da dispersão do intervalo QT (dQT). Se de um lado encontramos vários trabalhos científicos que correlacionam a dQT com heterogeneidade de repolarização ventricular, sobram na literatura críticas ao conceito de dQT. Mesmo diante de críticas, a última Diretriz Brasileira de Teste de Esforço cita como promissora a medida da dQT para diagnóstico de coronariopatia obstrutiva, e vai mais longe, deixando claro que faltam mais trabalhos na literatura que pudessem respaldar seu uso. Nosso trabalho visa justamente ajudar a preencher esta lacuna. Dessa forma, analisamos retrospectivamente o traçado eletrocardiográfico de repouso e esforço de 63 pacientes submetidos a teste de esforço e cateterismo cardíaco. Dividimos os pacientes em três grupos: verdadeiro negativo (VN), verdadeiro positivo (VP) e falso positivo (FP), sendo que os verdadeiros positivos eram os pacientes com estenose de coronária de ao menos 70% e infradesnível do segmento ST ou dor precordial típica durante o esforço; os verdadeiros negativos eram pessoas com lesão coronariana menor que 70% e teste ergométrico sem infra de ST ou dor precordial típica no esforço; e o falso positivo era composto por indivíduos com estenose menor que 70% em coronárias, e presença de infradesnível ou dor típica durante o esforço. A dispersão do intervalo QTc de repouso não foi diferente entre os três grupos. Respectivamente, 67±40 ms, 55±26 ms, e 49±21 ms, para os grupos VN, VP e FP (p=0,163). Já para a dispersão do intervalo QTc de esforço, encontramos, respectivamente, 47±17 ms, 72±42 ms, e 61±31ms para VN, VP e FP (p=0,003). Fizemos, também, a medida de um valor delta da dispersão do intervalo QTc (dispersão do intervalo QTc do primeiro minuto da recuperação menos a dispersão do intervalo QTc do repouso), e obtivemos, respectivamente, −20±45 ms, 17±40 ms, e 11±30 ms para VN, VP e FP (p=0,013). Fizemos, também, um gráfico de linhas para cada um dos três grupos estudados. Observamos que no grupo VP, 19 pacientes aumentaram a dispersão do intervalo QTc do repouso para o esforço, enquanto 7 pacientes mostraram redução. No grupo VN, 9 pacientes mostraram redução da dQTc, e 5 pacientes apresentaram aumento. No grupo FP, 14 pacientes apresentaram aumento da dQTc, enquanto 9 apresentaram redução.
Concluímos que os pacientes portadores de coronariopatia crônica têm um comportamento de aumento de dQTc frente ao esforço físico, e que este método pode ser auxiliar no diagnóstico de coronariopatia crônica.