AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO PULMONAR E MUSCULAR PÓS COVID-19 EM PARTICIPANTES DA 4° ONDA DO ELSA-BRASIL: UM ESTUDO OBSERVACIONAL
Nome: GRAZYELLE MARIA SILVA PEREIRA DE MORAES
Data de publicação: 08/04/2025
Banca:
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Papel |
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RAFAEL DE OLIVEIRA ALVIM | Examinador Externo |
VERONICA LOURENCO WITTMER PASCOAL | Examinador Interno |
Resumo: Introdução: A COVID longa é uma nova entidade clínica observada em pacientes com
histórico de COVID-19, caracterizada por sintomas que persistem desde a fase aguda ou por
novos sintomas que surgem três meses após a resolução da fase aguda da doença. Esses
sintomas duram pelo menos dois meses e não podem ser explicados por outro diagnóstico
alternativo. A fadiga é um dos sintomas mais comuns da COVID longa. Estudos
demonstraram comprometimento da função respiratória e da força muscular durante a fase
aguda da infecção e nos estágios iniciais da recuperação, podendo persistir mesmo após a
resolução da doença.
Objetivos: Investigar a frequência de sintomas associados à COVID longa e sua relação com
parâmetros objetivos de função pulmonar e muscular em participantes da Onda 4 do estudo
ELSA-Brasil, com e sem histórico de episódio prévio de COVID-19.
Métodos: Estudo observacional, transversal e descritivo realizado com participantes da Onda
4 dos exames do ELSA-Brasil, atendidos na Clínica de Investigação Cardiovascular em
Vitória-ES, nos anos de 2022 e 2023. Os participantes que compareceram para os exames
foram convidados a participar de um estudo complementar de avaliação respiratória. Dos 209
que aceitaram, 121 compareceram e completaram um questionário estruturado para obtenção
de dados pessoais, histórico de episódios prévios de COVID-19, status vacinal, e realizaram
avaliação da função respiratória por meio de espirometria, avaliação da força muscular
respiratória por manovacuometria e avaliação da força de preensão manual por dinamometria
manual. Os dados são apresentados como média ± desvio padrão para variáveis com
distribuição normal e mediana com intervalo interquartil (IQR) para variáveis com
distribuição não normal, juntamente com o número e percentual de indivíduos. O nível de
significância estatística foi estabelecido em p<0,05.
Resultados: Os 121 participantes apresentaram média de idade de 64,7 ± 7,9 anos, sem
diferença significativa (p>0,05) entre os grupos com COVID (n = 79) e sem COVID (n = 42)
em termos de idade e distribuição por sexo (56,7% mulheres). Entre os 79 participantes com
COVID, 73 tiveram um ou mais casos leves da doença (sem necessidade de hospitalização).
Dos seis que foram hospitalizados, nenhum precisou de ventilação assistida. Os sintomas mais
prevalentes no grupo sem relato de COVID-19 foram sintomas neuropsiquiátricos, como
memória fraca (42,8%), ansiedade (35,7%) e distúrbios do sono (33,3%). No grupo com
COVID, os sintomas mais prevalentes foram memória fraca (41,7%), fadiga (39,2%) e queda
de cabelo (32,9%). A mediana da pressão inspiratória máxima no grupo com COVID-19 foi
de -96 cmH2O (IQR 78-116), e no grupo sem COVID, -95 cmH2O (IQR 62-120) (p>0,05). A
mediana da pressão expiratória máxima no grupo com COVID-19 foi de 112 cmH2O (IQR
90-120), e no grupo sem COVID, 116 cmH2O (IQR 92-120) (p>0,05). A mediana da
porcentagem prevista da capacidade vital forçada no teste de espirometria foi de 96%
(89-102) no grupo com COVID e 95% (82-101) no grupo sem COVID (p>0,05). Para o
volume expiratório forçado no primeiro segundo, a mediana da porcentagem prevista foi de
96% (87-105) no grupo com COVID e 91% (83-104) no grupo sem COVID (p>0,05).
Também não houve diferença entre os grupos quanto à força de preensão manual.
Conclusão: Os dados sugerem que os sintomas persistentes após a COVID-19 não estão
relacionados a comprometimento da função pulmonar ou muscular e não estão associados a
histórico prévio da doença.
Financiamento: Este estudo foi financiado com recursos do Ministério da Saúde/Decit e
CNPq. GMSP Moraes recebeu bolsa de mestrado da FAPES.