Papel da ciclooxigenase nas disfunções de reatividade
vascular induzidas pela sobrecarga crônica de ferro
Nome: MÔNICA GOLDNER
Data de publicação: 01/04/2025
Banca:
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Papel |
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BIANCA PRANDI CAMPAGNARO | Examinador Externo |
ROGER LYRIO DOS SANTOS | Examinador Interno |
Resumo: O ferro é um oligoelemento essencial ao corpo humano, porém o seu excesso é tóxico,
causando vários danos, inclusive no sistema cardiovascular. Estudos mostram que o
excesso desse metal causa uma vasculopatia caracterizada por remodelamento,
hiper-reatividade vasoconstrictora, aterosclerose e estresse oxidativo no tecido
vascular. Além disso, a via do ácido araquidônico/ciclooxigenase, muito envolvida na
inflamação, estresse oxidativo e disfunção endotelial em várias situações, ainda não
foi investigada na vasculopatia que acompanha a sobrecarga de ferro. Assim, o
objetivo deste estudo foi testar se a via da ciclooxigenase (COX) está envolvida na
disfunção vascular induzida pela sobrecarga crônica de ferro em ratos. Para isso
foram utilizados ratos Wistar machos (~200 g) distribuídos em dois grupos: controle
(Ct) e ferro (Fe). O ferro foi administrado por injeções i.p. (100 mg/Kg/dia, 5
vezes/semana por 4 semanas), enquanto o Ct recebeu NaCl 0,9 % sob o mesmo
regime de tratamento. Após 4 semanas, mediu-se a pressão arterial e, em seguida,
eutanasiados sob anestesia geral. Foram coletados o sangue para análises do
ferro/proteína C reativa, a tíbia para avaliar crescimento ósseo, e a aorta torácica e o
3o ramo da artéria mesentérica superior para estudos de reatividade vascular in vitro,
e outro segmento da aorta para análise de liberação de prostanóides e seus
metabólitos, microscopia eletrônica e expressão gênica e a dosagem de citocinas
inflamatórias. Os dados foram avaliados por teste t-Student não pareado, ANOVA 2
vias e pós-teste de Bonferroni e considerado significante quando P<0,05. Os ratos do
grupo Fe tiveram aumento na ferritina sérica, enquanto os valores pressóricos, de
frequência cardíaca e proteína C reativa permaneceram semelhantes ao grupo Ct.
Houve um aumento na responsividade vascular à fenilefrina em aortas do grupo Fe,
que foi bloqueado pelo inibidor da COX indometacina (10 M). O antagonista do
receptor EP1 SC-19220 (10 M) e o inibidor seletivo da COX-2 NS-398 (1 M) também
promoveram redução da resposta contrátil somente do grupo Fe, enquanto o
antagonista do receptor TP SQ-29548 (1 M) não causou nenhum efeito. Já o CAY-
10441 (100 nM), um antagonista do receptor IP, promoveu aumento da resposta
contrátil apenas no grupo Ct, sem efeitos no Fe. A reatividade da artéria mesentérica
de resistência foi semelhante entre os grupos, e a indometacina, NS-398 e o SQ-
29548 atenuaram a resposta contrátil em ambos. Já, o SC-19220 e o CAY-10441 não
causaram nenhum efeito. Nas aortas do grupo Fe, houve prejuízo na confluência das
células endoteliais associado a maior deposição de ferro. Além disso, houve aumento
da liberação de prostaglandina I2 sem alteração do PGE2, da atividade de macrófagos
e da expressão gênica de marcadores de ativação M1 (CD86) nas aortas de animais
com sobrecarga de ferro. Dessa forma, a via do AA-COX parece ter papel contribuinte
na hiper-reatividade vasoconstrictora da aorta na sobrecarga de ferro, tendo um
aumento de atuação da COX-2, ativação do receptor EP1 e prejuízo da modulação por
IP, associados a sinais de inflamação com maior ativação e presença de macrófagos
e um prejuízo estrutural no endotélio da aorta.