RELAÇÃO ENTRE AS ESPÉCIES REATIVAS DE OXIGÊNIO MITOCONDRIAIS, CICLOOXIGENASE E NADPH-OXIDASE E A DISFUNÇÃO VASCULAR 7 DIAS APÓS INFARTO DO MIOCÁRDIO EM RATOS”.
Nome: CARMEN CASTARDELI
Data de publicação: 26/03/2024
Banca:
Nome | Papel |
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ANA PAULA COUTO DAVEL | Examinador Externo |
ANDRE SOARES LEOPOLDO | Examinador Interno |
CARMEM LUIZA SARTORIO | Examinador Externo |
MAICON LANDIM VIEIRA | Examinador Externo |
Resumo: Introdução: O infarto do miocárdio (IAM) é uma condição clínica grave caracterizada
por processo inflamatório e estresse oxidativo, podendo levar a complicações como
insuficiência cardíaca e morte. Após o IAM, podem ocorrer mecanismos subjacentes
que levam ao aumento da produção de espécies reativas de oxigênio (ERO), gerando
estresse oxidativo, que por sua vez pode estimular a produção de mais ERO por meio
de outras enzimas, denominado ERO induzida por ERO. Esse mecanismo pode
causar disfunção vascular e, consequentemente, contribuir para o quadro de
insuficiência cardíaca. Nesse contexto, o MitoQ, um antioxidante específico
mitocondrial, emerge como uma estratégia promissora para impedir o estresse
oxidativo e preservar a função vascular pós-IAM. Objetivo: Avaliar a participação do
estresse oxidativo mitocondrial, a via da COX e a via da NADPH oxidase, sobre a
reatividade de anéis de aorta torácica de ratos, 7 dias após IAM. Métodos: Ratos
Wistar foram divididos aleatoriamente em quatro grupos: Infarto do Miocárdio (IM),
Infarto do Miocárdio Mitoquinona (IM MitoQ), Sham e Sham Mitoquinona (Sham
MitoQ). Os animais foram tratados por sete dias com Mitoquinona 100 M (MitoQ),
administrada na água de beber. O IAM foi induzido cirurgicamente por meio da oclusão
do ramo interventricular anterior da artéria coronária esquerda. Após sete dias da
indução do IAM, foram realizadas avaliações hemodinâmicas, análises de dados
ponderais e coleta de amostras para análises de expressão proteica por Western Blot,
produção de óxido nítrico (NO) por 4,5-diaminofluoresceína (DAF), estresse oxidativo
citoplasmático por di-hidroetídeo (DHE) e mitocondrial por Mitosox. A reatividade
vascular foi posteriormente avaliada em anéis isolados da aorta torácica, os quais
foram submetidos a estímulos com concentrações crescentes de fenilefrina. A análise
estatística dos resultados foi realizada utilizando test t de Student, análise de variância
de duas vias e análises de medidas repetidas ou completamente randomizadas,
considerando valores de p<0,05 como estatisticamente significativos. Resultados: O
tratamento com MitoQ não alterou a área de infarto (IM: 46,56±0,47 vs. IM MitoQ:
43,64±0,53 %), porém preveniu a redução no ganho de peso no grupo IM. Além disso,
o MitoQ preveniu o aumento da pressão diastólica final do ventrículo esquerdo
(PDFVE, mmHg) e atenuou a disfunção do relaxamento do ventrículo esquerdo (VE)
(dP/dtmin, mmHg/s), embora não tenha demonstrado eficácia em melhorar a dP/dtmax
(mmHg/s. O aumento do peso pulmonar em relação ao peso corporal no grupo IM foi
prevenido pelo tratamento com MitoQ, e o teor de água nos pulmões foi semelhante
entre todos os grupos. A massa do VE foi semelhante em todos os grupos
experimentais. O tratamento com MitoQ foi capaz de prevenir a hipertrofia do
ventrículo direito (VD). A reatividade à fenilefrina aumentou no grupo IM (Rmax Sham:
97,7±2 vs. IM: 125±3* % KCl 75 mM; p<0,05). O tratamento com MitoQ preveniu o
aumento da reatividade vascular no grupo IM (Rmax IM: 125±3 vs. IM MitoQ: 103±2*
% KCl 75 mM; p<0,05). A falta de responsividade ao L-NAME do grupo IM (Sham +
L-NAME: 141±4; IM + L-NAME: 138±5 % KCl 75 mM; p>0,05) foi prevenida com o
tratamento com o MitoQ (IM MitoQ + L-NAME: 154±16 % KCl 75 mM; p<0,05). A
retirada do endotélio vascular promoveu aumento da resposta à fenilefrina nos grupos
Sham, Sham MitoQ e IM MitoQ, mas não no grupo IM (IM E+: 119,8±1,5 vs. IM E-:
114,8±1,4 % KCl 75 mM; p>0,05). Houve redução na produção de NO e elevação na
geração de ERO no grupo IM quando comparado ao grupo Sham. A superfusão com
indometacina reduziu a reatividade à fenilefrina no grupo IM (IM: 138±11 vs. IM +
Indo: 106,1±7,2 % KCl 75 mM; p<0,05), que foi normalizada no grupo IM MitoQ (IM
MitoQ: 98,4±3,3 vs. IM MitoQ + Indo: 92,3±5 % KCl 75 mM; p>0,05). A reatividade
foi reduzida no grupo IM com a superfusão com o inibidor específico da NOX, ML 171-
5 M (IM: 124±1,8 vs. IM + ML 171: 107±2,4 % KCl 75 mM; p<0,05), que foi prevenida
com a tratamento com MitoQ (IM MitoQ: 103±1,9 vs. IM MitoQ + ML 171: 99±1,9 %
KCl 75 mM; p>0,05), sugerindo a participação da via da NOX. Em consonância com
esses resultados, encontramos aumento das expressões proteicas de COX1 e NOX4.
O tratamento com MitoQ reduziu as expressões proteicas de COX1, NOX1 e NOX4.
Não houve alteração nas expressões proteicas das enzimas superóxido dismutase e
catalase. Conclusão: O aumento na reatividade vascular à fenilefrina, sete dias após
o IAM, foi acompanhado de redução na produção de NO e elevação na geração de
ERO. O tratamento com MitoQ foi capaz de prevenir essas alterações, sugerindo a
importância da via de produção de ERO mitocondrial. Observou-se nos animais
tratados, redução nas expressões proteicas da COX e NOX e das ERO. Portanto,
nossos dados sugerem um mecanismo de retroalimentação positiva entre ERO
mitocondrial, as vias da COX e da NADPH oxidase, contribuindo significativamente
para a disfunção vascular sete dias após IAM em ratos.