ESTUDOS IMUNOISTOQUÍMICOS DOS SISTEMAS DE
ALARME DE PREDAÇÃO E SUFOCAMENTO E SUA
RELAÇÃO COM PÂNICOS RESPIRATÓRIOS E NÃORESPIRATÓRIOS

Nome: CLÁUDIA JANAINA TORRES MÜLLER
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 27/06/2016
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
LUIZ CARLOS SCHENBERG Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
ESTER MIYUKI NAKAMURA PALACIOS Examinador Interno
LUIZ CARLOS SCHENBERG Orientador
NEWTON SABINO CANTERAS Examinador Externo
VALQUÍRIA CAMIN DE BORTOLI Examinador Externo
VANESSA BEIJAMINI HARRES Examinador Interno

Resumo: O trantorno do pânico (TP) é um quadro de ansiedade relativamente
comum, com prevalência estimada entre 1% e 3%. O sintoma principal é o ataque de pânico (AP) espontâneo, o qual pode ocorrer várias vezes ao dia ou somente algumas vezes ao ano. Dentre as principais hipóteses sobre as bases neurais do TP, duas merecem destaque. A primeira, proposta por Deakin & Graeff (1991), postula que o sistema serotonérgico evoluiu como um sistema especializado de controle de situações aversivas. Adicionalmente, postula que a matéria cinzenta periaquedutal (MCPA) é um centro de coordenação de
reflexos defensivos a predadores ou estímulos nocivos proximais, cuja a
ativação espontânea desencadeia os AP. A segunda é a hipótese do “alarme falso de sufocamento” proposta por Klein (1993). De acordo com esta hipótese
AP tanto espontâneos quanto provocados por infusão de lactato ou inalação de
concentrações baixas de CO2 (5-7%) são causados por disparos inadequados
de um hipotético sistema de alarme de sufocamento. Estas hipóteses são
apoiadas por evidências epidemiológicas que sugerem a existência de AP tanto
respiratórios quanto não-respiratórios. Por outro lado, vários estudos indicam
que eventos traumáticos na infância predispõem o indivíduo ao
desenvolvimento de transtornos ansiosos e depressivos na vida adulta e, em
particular ao TP. Portanto, o presente estudo comparou os sistemas neurais
ativados nos modelos de pânico respiratório e não-respiratório à administração
de KCN e exposição ao gato, respectivamente. Adicionalmente, verificamos os
efeitos do isolamento neonatal social (INS) sobre os comportamentos e
sistemas ativados em ratos adultos expostos a um gato. Num primeiro estudo,
examinamos se o INS aumenta a imunorreatividade da proteína c-Fos (IRF) e
os comportamentos de defesa de ratos expostos ao gato na vida adulta. No
segundo estudo, examinamos os efeitos de uma dose baixa de cianeto de
potássio (KCN, 40 μg) ou de uma breve exposição a 13% de CO2 (2 min), ou a
combinação dos estímulos (CO2/KCN), na IRF. Os efeitos comportamentais da
microinjeção de KCN na MCPA também foram examinados. Os dados
mostraram que tanto ratos submetidos ao INS, quanto ratos CTR expostos ao
gato apresentam respostas inatas de congelamento, esquiva e avaliação de
risco. Além disso, os ratos apresentam aumentos significantes da IRF em áreas
tradicionalmente relacionadas à defesa de predadores, quais sejam, MCPA
dorso lateral, núcleo pré-mamilar dorsal e hipotálamo anterior. Contudo, os
ratos INS apresentaram IRF mais acentuada que os CTR. Estes dados
sugerem que o INS promove uma sensibilização perene da circuitaria
relacionada à predação, adicionando evidências de que o estresse de
separação na infância predispõe o indivíduo ao desenvolvimento de AP na vida
adulta. Os resultados do segundo estudo mostraram que, enquanto a injeção
endovenosa de KCN provocou a fuga em todos os ratos testados, a
microinjeção de KCN na MCPA foi ineficaz. Adicionalmente, enquanto o núcleo
do trato solitário foi ativado nos grupos CO2/SAL e CO2/KCN, o núcleo
laterodorsal tegmental (LDTg) foi ativado por todos os tratamentos.
Surpreendentemente, o KCN somente produziu ativações da MCPA
rostrolateral e caudoventrolateral. Embora estes dados sugiram que o sistema
de alarme de sufocamento seja composto pelo LDTg e pelas regiões
rostrolateral e caudoventrolateral da MCPA, as últimas áreas foram
especificamente ativadas nos ratos que apresentam respostas de fuga
somente ao KCN. Portanto, elas são as principais candidatas ao sistema de
alarme de sufocamento.

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